A
atenção básica, com base na Política Nacional de Atenção Básica, é
caracterizada por um conjunto de serviços e ações de saúde com o objetivo de
recuperar, prevenir e promover a saúde. Por ser desenvolvida próxima a vida das
pessoas, ela se torna potente para a organização das ofertas e ordenação e
coordenação do cuidado dos usuários em outros níveis de saúde. Outra
característica da Atenção Básica é a de ser a principal porta de entrada do usuário
dentro do sistema de saúde. Além disso, a Atenção Básica é capaz de resolver
cerce de 80% dos problemas de saúde, ou seja, é resolutiva para o cuidado e
“filtra” as demandas mais complexas para o cuidado em outro nível que dispõe de
tecnologia e profissionais adequados a resolução daquele problema de saúde.
Na
última década o estímulo a consolidação da Atenção Básica foi percebida em todo
o Brasil, o que representou uma crescente cobertura da população brasileira
pela Estratégia Saúde da Família (ESF). Uma justificativa a esse fato é o
incentivo financeiro do governo federal aos municípios para adesão a ESF. Porém
alguns problemas relacionados ao acesso aos serviços de saúde de qualidade e a
fragmentação do sistema de saúde ainda persistem e, por isso, a superação deste
problema se tornou prioridade para a gestão federal e também das gestões da
atenção básica estaduais e municipais.
O
primeiro passo para identificação das principais questões que estão implicadas
com o não acesso integral da população ao cuidado disponibilizado pelo SUS dentro
da atenção básica e também da perspectiva da rede de atenção básica é o
monitoramento e avaliação do impacto dessa política para a qualificação da
atenção disponibilizada e da saúde da população. Assim, surgem os instrumentos
de avaliação que buscam retratar a realidade da Atenção Básica e auxiliar no
planejamento e na nova direção que a política deve seguir para superar os mesmos
ou novos problemas apresentados.
As
informações coletadas a partir desses instrumentos e, no momento da análise,
aliados a outras fontes de dados como nos sistemas de informações e nas
pesquisas de âmbito nacional nos mostram os desafios da atenção básica e
orientam na adequação do planejamento em saúde. Em alguns instrumentos é
possível verificar a satisfação dos usuários, e os processos de trabalho das
equipes multiprofissionais, além de identificar dispositivos de acesso,
materiais e insumos, entre outros.
Na
esfera federal e na gestão da Atenção Básica, a busca e análise crítica desses
resultados fazem parte do cotidiano do trabalho e do planejamento, não só para
reorientação de políticas, mas também para subsidiar o apoio aos municípios.
A
implicação da gestão federal para a Atenção Básica começa antes mesmo da
elaboração e consolidação de alguma política, pois são decisões tomadas a
partir de análises de conjuntura políticas e também de indicadores que
subsidiam grande parte das estratégias adotadas. Outro aspecto é a participação
dos municípios na tomada de decisão que são, na maioria, representados pelo
Conasems.
Pela minha pouca experiência, a
importância que alguns municípios conferem a gestão federal é relevante visto a
expectativa de se apoiarem no Ministério da Saúde como forma de organizar seus
processos de trabalho e até mesmo de se resguardarem para possíveis
fiscalizações. Porém, nessa mesma expectativa tem um lado negativo, pois a
indicação do Ministério da Saúde é para um conjunto de municípios que possuem
claramente especificidades e, no entanto, as políticas não consideram no
detalhe a realidade de cada município e a indicação sempre se da de forma
abrangente e geral.
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