domingo, 15 de março de 2015

Expectativas...

Há pouco mais de dois meses de experiência vivenciada no cotidiano no Departamento de Atenção Básica, é proposto para os residentes com a presença de preceptores uma conversa sobre a expectativa criada antes de entrar na imersão prática.

Bom... pra começar eu não costumo criar grandes expectativas de nada, me considero (pelo que me dizem e pelos acontecimentos vivenciados por mim) prático e objetivo quanto ao que está por vir independente do campo, se profissional ou pessoal, prefiro viver cada experiência na medida em que elas acontecem. Entre otimista e pessimista, prefiro ser realista, mas tento (mesmo se não der) extrair e analisar os lados positivo e negativo de cada coisa.

Voltando ao programa e para ciência de vocês, a minha única expectativa (independente do grau, se mais ou menos) era/é de aprender. Eu só não podia sair dessa experiência da mesma maneira que entrei. Transformar. Aprender. Vivenciar. Errar. Corrigir. Acertar. Hoje, quinze de março de dois mil e quinze, eu já posso dizer que aprendi muita coisa daquilo que eu deveria aprender estando nesse lugar, nessa condição e vivenciando essa rotina. Não aprendi nada além disso e não que isso seja ruim, pois é tudo que esse ambiente pode me oferecer nesse momento da minha imersão e nessa minha condição. Não podemos negar o "passo a passo", o trabalho de formiga, as pequenas atividades, os detalhes, o pequeno, que juntos fazem os programas, as políticas de saúde acontecerem. E isso não é o fim do processo, o resultado final é a saúde pra todos, a qualidade de vida, o bem estar social que chega e é sentido por cada cidadão brasileiro. Digo isso porque tenho a impressão que todos querem fazer tudo, menosprezando os trabalhos que aos poucos, juntos, se transformam no resultado final que esperamos. Tudo é processo. A rotina nem sempre é agradável e prazerosa, mas temos que começar de algum lugar, fazendo alguma coisa, não pode parar.

Ao longo da conversa sobre as expectativas, saíram críticas quanto ao processo de trabalho, à falta de integração, a incoerências percebidas e também críticas quanto a condução do programa sobretudo na metodologia deste para esse um ano. Partilho do mesmo posicionamento levantado, porém não vejo como sendo apenas falhas ou decepções das vivências, acredito que essa análise é um resultado importante sobre nossa imersão nesse local. Não acho que devemos assumir um papel inerte e deixar por isso mesmo, mas também não acredito que sozinhos (especializandos e alguns preceptores) consigamos mudar essa realidade presente há algum tempo no departamento. Pra mim, o que pode ser feito é a conversa, o debate, expor as impressões e deixar claro (se tivermos) nossa sugestão para resolver a questão. Se não tivermos solução, penso que só é uma crítica pela crítica. Na minha opinião se não tiver alternativa para solucionar o problema a crítica se torna vazia e pode gerar desconforto para aqueles que estão mais implicados com a questão. Achar uma proposta de solução seria a nossa maior contribuição na minha opinião. Quanto as críticas sobre a metodologia do programa, acredito que também com a exposição das questões e com debate é que resolveríamos os problemas. Assim aqueles factíveis de mudanças resolveríamos ainda nesse programa e os que não deixaríamos como proposta para as próximas turmas.

Após essa conversa percebi como é difícil decifrar nosso papel na imersão prática, alguns preceptores querem expressamente que tenhamos uma postura de trabalhadores, já outros preferem que tenhamos uma participação menos ativa nas coordenações e segundo um relato, tem preceptores que acham que somos estagiários. Esse desajuste deixa ainda mais complicado nossa vivência, além dos desafios do aprender-fazendo e do pouco tempo que iremos passar em cada coordenação para que tenhamos, por exemplo, um papel de "trabalhador". Independente da nomenclatura, eu prefiro me posicionar como eu realmente estou dentro dessa imersão e eu estou como especializando. Estou aprendendo na prática. É ocupando esse lugar que cumprirei minha imersão prática.














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